Grande parte das pessoas que apresentam sequelas não havia sido vacinada contra covid-19
Os dados disponibilizados pelo Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid (Carp), da Secretaria Municipal de Saúde, foram essenciais para a realização do estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e realizado por pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem/UFRJ), no bairro São José do Barreto. A pesquisa obteve resultados inéditos que ajudarão no diagnóstico da covid longa.
O Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid foi pioneiro no atendimento à população que apresentou sequelas persistentes após a infecção. Desde a inauguração do Carp, cerca de 700 pacientes já passaram por tratamentos pós-covid. “Continuaremos fornecendo dados para pesquisas, inclusive também para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Fomos escolhidos pela Fiocruz entre todos os municípios brasileiros para realizar uma pesquisa com trabalhadores offshore. Isso demonstra que somos referência no país, o que nos deixa muito lisonjeados. Realizamos um trabalho de equipe”, disse a coordenadora do Carp e do Centro de Reabilitação Dona Sid Carvalho, Janiane Nunes. Estas unidades funcionam anexas ao Centro de Especialidades Médicas Dona Alba Corral, na rua Gov. Roberto Silveira, 108, no Centro da cidade. A pesquisa foi publicada na revista internacional Viruses. O artigo que ajudará médicos a diagnosticarem a ocorrência da covid longa tem o título “Immunoglobulin A as a Key Immunological Molecular Signature of Post-COVID-19 Conditions” (Imunoglobulina A como marcador molecular e imunológico em Condições Pós-COVID-19). O estudo detectou que o anticorpo em altas doses pode ser um indicativo da ocorrência dos sintomas por mais de doze semanas após a infecção. “Observamos que grande parte das pessoas que apresentavam sequelas não havia sido vacinada. Ou tiveram covid em um período em que não existia vacina ou que tinham apenas uma dose da vacina, indicando, dessa forma, a importância da vacinação para você não ter covid e, consequentemente, as sequelas persistentes”, salienta a diretora do Nupem e coordenadora da pesquisa, Cíntia Monteiro de Barros. Diagnóstico da covid longa A primeira autora e pesquisadora do Nupem/UFRJ, Graziele Fonseca de Sousa, esclarece que os atendidos respondiam a formulários com detalhes clínicos. “Eles foram utilizados, em associação com a dosagem de anticorpos, para indicar um marcador que pudesse auxiliar no diagnóstico da persistência dos sintomas. Ao longo de um ano, foram coletadas informações sobre manifestações mais frequentes (fadiga, dor muscular, perda de memória e dificuldade de concentração, entre outras), período de ocorrência, bem como o índice de vacinação dos pacientes atendidos. Monitoramos a produção de anticorpos, avaliando as Imunoglobulinas M, A e G.”. Ela completa: “Esta parceria com o Carp foi essencial, pois quem apresentava a Covid longa passava por triagem e avaliação médica. A partir daí, com o conjunto de dados destes pacientes, obtivemos o resultado alcançado, o que não seria possível, com clareza e eficiência, sem esta colaboração”. A imunoglobulina A, presente predominantemente nas mucosas, tem destaque na pesquisa. Foi possível observar que a alta produção deste anticorpo está diretamente associada às sequelas da covid. Ainda não se sabe o motivo deste aumento, mas ele é um importante indicador, pois sua detecção é fácil, rápida e de baixo custo. * t Texto: Jornalista: Andréa Lisboa / Foto: Bruno Campos / Comunicação Macaé
Divulgação:
Macaé / RJ
Maacaé / RJj
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