Setembro é o mês de incentivo à doação de órgãos para transplante e o Hospital Público Municipal (HPM) de Macaé segue na liderança da região. Os dados são da Organização Procura de Órgãos (OPO) de Itaperuna. De janeiro até agosto deste ano, o Hospital Público Municipal confirmou 27 casos de morte encefálica, mas apenas 18 pacientes estavam aptos para realizar a doação. Desse total, 10 famílias disseram sim. Um paciente não era compatível com ninguém da fila, mas sete escolheram não doar.
Os números apontam que se esses sete pacientes tivessem expressado o desejo de serem doadores em vida, eles poderiam salvar até 56 pessoas com a doação de órgãos. Caso os sete tivessem doado todos os tecidos possíveis, poderiam ajudar até 350 pessoas. E se o mesmo número doasse todas as córneas, 28 poderiam estar enxergando hoje.
Um único paciente pode salvar até oito vidas com a doação de órgãos como coração, fígado e rim, por exemplo. E ajudar cerca de 50 pessoas que precisam de tecidos músculo-esqueléticos, que são os ossos, tendões, ligamentos, entre outros. E o HPM - referência nesse assunto - tem capacidade para atender todas as famílias que disserem sim à doação de órgãos, mas a realidade é que apenas 45% desse público escolhem doar.
Paciência e esperança movem a paciente Cláudia Xavier, 54 anos, que faz hemodiálise há quatro anos, três vezes por semana no Centro de Doenças Renais (CDR),em Imbetiba, mas ainda existem 235 pessoas na frente dela na fila da Central Estadual de Transplante, todas a espera de um rim.
“Eu acredito que tudo acontece no momento certo. Não me desespero. Trabalho, faço hemodiálise e espero meu rim. Não vou dizer que é fácil, mas eu tenho fé que um dia eu vou conseguir o transplante. Portanto, peço a todos que digam sim à doação de órgãos.
Hoje, quase 65 mil pessoas aguardam por transplante no Brasil. A maior procura é por um rim. São 37 mil pessoas na espera desse órgão no país, seguido por fígado, coração, pâncreas e pulmão. Em Macaé, são cerca de 70 pessoas à espera de um órgão.
Para ser doador no Brasil não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar à família o desejo da doação. A captação de órgãos é uma ação que exige precisão, agilidade e um profundo senso de humanidade. É por meio deste gesto nobre que muitas vidas são salvas.
A falta de conhecimento da população é apontada pelo Ministério da Saúde como um dos principais motivos que levam os familiares a recusarem a doação dos órgãos e tecidos do potencial doador em morte encefálica. No HPM, os familiares são amparados antes do procedimento. O hospital conta com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante que está disponível para atender qualquer pessoa e esclarecer dúvidas sobre a doação de órgãos.
* Texto: Jornalista Julie Silveira / Foto: Arquivo / Ana Chaffin / Comunicação Macaé
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