Na mesa as Diretoras da Arayara ( Nicole Figueiredo de oliveira e Katia Barros ). Conduzindo a mesa a Vereadora Iza Vicente ( em tela o Vice presidente da Fiocruz ) \ foto: Divulgação
* Juliano Bueno de Araújo, diretor-técnico da ARAYARA \ Ivens Drumond, analista de advocacy da ARAYARA
Macaé das belas paisagens pode se tornar uma cidade com problemas ambientais sérios: como aumento da poluição do ar, agravamento da escassez hídrica e com riscos ainda maiores à saúde pública. O município hoje já é um grande emissor de gases de efeito estufa do Brasil.
Contrariando as orientações do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que lançou novo relatório no dia 4 de abril, o município ignora medidas de mitigação e adaptação necessárias para o enfrentamento ao aquecimento global.
A ex-vereadora, Ivania Ribeiro, teve uma participação importante \ foto: Divulgação
Na audiência pública que foi realizada no mesmo dia do lançamento, 4 de abril, vários especialistas e representantes da comunidade se manifestaram contrários ao projeto. O evento, que aconteceu na Câmara dos Vereadores, tratou da instalação de um complexo de 11 usinas termoelétricas; gasodutos que levarão gás natural da Bacia de Campos para o Porto de Açú; duas linhas de transmissão para conectar ao sistema interligado, ampliação do terminal de processamento de gás natural da Petrobras em Cabiúnas e criação de um loteamento industrial para receber as termoelétricas. E ainda a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH).
Hoje Macaé já tem a Usina Termoelétrica Norte Fluminense, instalada em 1999, e a UTE Termomacaé, em 2001. E também tem a termoelétrica Marlim Azul I, que está em fase de implementação e deve ser entregue em 2023.
Katia Barros, diretora da Arayara (a direita) \ foto: Divulgação
A população já vem sofrendo com a falta de água. Na audiência, ficou evidente que a bacia do Rio Macaé não tem água para dar conta de abastecer a população e esse complexo de termoelétricas. Por esse e muitos outros motivos que nós, da ARAYARA, não podemos ficar de braços cruzados. Vamos entrar na justiça para que sejam considerados os impactos socioambientais desse empreendimento que pretende tornar Macaé a capital das termoelétricas a gás do Brasil. As ações serão apoiadas por organizações integrantes do Observatório do Clima e do Observatório do Petróleo e Gás.
E sabe o que mais, o povo de Macaé vai ser muito prejudicado. A conta de luz ficará mais cara para todo mundo, pois a energia será conectada ao Sistema Interligado Nacional, para atender todo o país. Mas quem ficará com o ônus socioambiental, a poluição, sem água e sem condições de uma boa qualidade de vida serão as comunidades atingidas pelos empreendimentos.
Vereadora Iza Vicente \ foto: Divulgação
Em Macaé, 41% das emissões da cidade vêm das usinas termoelétricas já existentes.
Se tivemos mais usinas, teremos mais poluição. Só que a poluição de usinas termoelétricas é silenciosa, afinal, não vemos a fumaça preta no céu, e por isso, mais perigosa. Na atual situação, as políticas públicas devem se voltar a melhora da qualidade do ar na cidade, não em permitir que empreendimentos piorem o ar que Macaé respira.
O Instituto Internacional ARAYARA atua em vários lugares do Brasil onde a segurança da população é colocada em risco para produzir combustíveis fósseis - aqueles que vem agravando o aquecimento do planeta – sabemos que esse projeto trará problemas para todos, em detrimento dos interesses de alguns.
Foto: Divulgação
Frente a tantos danos, entidades da sociedade civil, ambientalistas e acadêmicos têm se mobilizado contra a instalação do complexo termoelétrico em Macaé. Para esse complexo, estão mobilizados movimentos, como a SOS Rio Macaé; SOS Restinga do Barreto; Pastoral da Ecologia Integral – Diocese de Campos; Fórum das Entidades Ambientalistas nas Bacias Hidrográficas (Fonasc); Irmane-C pela Paz (ligado à Universidade da Paz); Associação Adianto; Associação Pequena Semente); Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem) e internacionais como Instituto ARAYARA e International Rivers.
Por fim, vale lembrar que o relatório do Painel Intergovernamental Mudanças Climáticas 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, traz a avaliação dos impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas, a biodiversidade e as comunidades humanas nos níveis global e regional alerta que não podemos mais perder tempo. E com o volume de gases emitidos por essas usinas, Macaé caminha na contramão da história. A sociedade precisa acordar para os riscos das vulnerabilidades e sua capacidade de enfrentar os desastres e se adaptar às mudanças climáticas.
* Assessoria de Comunicação \ Arayara \ Sílvia Marcuzzo
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