Segundo Datasus, houve uma média de 1,6 mil amputações por ano recentemente
Brasil registra mais de mil amputações penianas por ano - Pixabay.
Rio - Não é fake news! A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o número de amputações de pênis por falta de higiene no país não está errada, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). "No Brasil, nós ainda temos por ano mil amputações de pênis por falta de água e sabão. Quando se chega em um ponto desse, a gente vê que nós estamos realmente no fundo do poço", afirmou o presidente nesta quinta-feira, na saída de um encontro no Ministério da Educação.
Segundo a SBU, o último dado do Datasus é uma média de cerca de 1,6 mil amputações nos últimos anos. "Nós urologistas temos mutilado muitos homens para deixá-los vivos. Por uma lesão que é altamente evitável. O câncer de pênis é uma doença que pode ser prevenida. Com o simples fato de educar a população com educação sanitária", destaca o coordenador de Câncer de Pênis e Testículo da Sociedade Brasileira de Urologia, o médico José de Ribamar Calixto.
De acordo com Calixto, o perfil do paciente é de baixa renda e nível sociocultural, entre 25 e 65 anos. "São homens que demoram até um ano para conseguir atendimento médico e não tem noção de higiene corporal. Eles são também portadores de excesso de pele cobrindo a glande", explica.
E qual a forma ideal de lavar a genitália? "Tem que expor a cabeça do pênis e simplesmente lavar com água e sabão. Tem que retirar as camadas mortas dali. Para isso, o homem precisa expor a cabeça do pênis para lavar. Se há excesso de pele e a glande não sai, não tem como lavar e esse é o caso do homem que tem fimose", pontua Calixto. "Os homens precisam ter cuidados com a higiene do pênis como com outras partes do corpo", completa.
O urologista ressalta que o tabu é um dos grandes problemas para a conscientização. “Homem não adoece. Homem não chora.Tem todo esse conceito machista em volta do homem e quando ele tem uma lesão no pênis é pior ainda. Ele se recolhe fazendo os tratamentos mais esdrúxulos possíveis", comenta. "É difícil tocar no assunto. Da coceira, vermelhidão até chegar ao consultório, o homem leva um ano porque não tem política pública."
Segundo o médico, a proposta da SBU é educar médicos, agentes de saúde, enfermeiros, dentistas e psicólogos para conscientizar sobre o câncer de pênis. "Nós queremos educar as crianças também. A sociedade criou um gibi que fala sobre lavar o pênis, com uma linguagem simples, através do lúdico para ensinar os meninos."
O Maranhão lidera as amputações penianas no país. "Nós fazemos de oito a 10 mutilações por mês por tumores avançados. O estado tem a maior incidência mundial de amputação", afirma o médico.
"Se você não amputa esse pênis, que está doente, ele vai mandar uma filial para o pulmão, para o fígado. Nós temos homens que estão com pênis todo destruído e imploram porque eles não aguentam de dor ou de mau cheiro. E nós não estamos discutindo sexualidade, porque ainda existe o pós-amputação que geram diversos impactos", finaliza Calixto.
* O DIA/Por LUANA BENEDITO.
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