Berenice não conseguiu atendimento para os filhos no posto Neuza Brizola, no centro de Belford Roxo Foto: Guilherme Pinto.
Mãe de um adolescente com hidrocefalia e síndrome de Dandy-Walker, a dona de casa Carmélia Imaculada da Silva, de 42 anos, teve a rotina alterada há aproximadamente três meses, desde que a Unidade de Saúde da Família do Vilar Novo, em Belford Roxo, fechou para uma reforma. Os pacientes tiveram que procurar tratamento na unidade de saúde do Barro Vermelho, que fica a três quilômetros.
— Nesse posto, eu pegava todo mês com a pediatra receita de remédio controlado para o meu filho. Teve a inauguração em junho, mas não abriu. Agora, eu tenho que pegar a receita numa clínica particular no Centro de Belford Roxo, que eu já pagava porque o atendimento no postinho já não era muito fácil. Gasto cerca de R$ 30 de táxi para ir e voltar — conta Carmélia.
Como a unidade de saúde do Vilar Novo, outras no município têm atendimento precário, como demora na marcação de consultas, falta de materiais e até de profissionais. É o caso da Unidade Básica de Saúde Bela Vista, onde não não há clínico desde outubro. Foi com o exame de sangue feito há nove meses, que a professora Nicolina Gonçalves da Silveira, de 56 anos, buscou atendimento na Unidade de Saúde da Família José Oscar Lima, no Shangrilá.
— No Bela Vista, eram dois médicos. Primeiro, um foi exonerado. Em outubro, o outro saiu. Aqui no posto do Shangrilá, estava sem médico há dois anos. Há duas semanas, chegou um. Trouxe os exames hoje, mas sei que ele vai pedir outros — afirma Nicolina, que também fez críticas ao atendimento odontológico:
— Faltam materiais para procedimentos mais complexos. Só fazem limpeza. Se tiver que fazer outro tratamento, tem que pagar por isso.
Posto do Vilar Novo: fechado Foto: Cléber Júnior.
Em alguns postos, há médicos, mas a dificuldade é conseguir consulta. Beatriz Berenice Leandro Lima, de 25 anos, buscou sem sucesso fonoaudióloga para o filho David, de 2 anos, no Posto Saúde Neuza Brizola, no Centro:
— Vim em maio tentar fono para ele, mas disseram que eu tinha que voltar em quatro meses. Mês passado, trouxe minha filha para fazer o teste do pezinho, mas tinha que voltar no outro dia bem cedo. Acabei levando ela para fazer o exame em Mesquita.
Beatriz afirmou ainda que seu marido, Alcemar Pereira, de 45 anos, teve o exame de sangue extraviado no posto:
— Fez em novembro e voltou em junho para buscar, mas disseram que tinha sumido.
Maria Pacheco, de 72 anos, sequer conseguiu consulta com clínico. Ela esteve na unidade, na sexta-feira, e foi orientada a voltar mês que vem:
— Já é a segunda vez que venho e não consigo marcar.
Prefeitura promete providências
Em nota, a prefeitura prometeu colocar hoje equipes técnicas para fiscalizar todas as unidades de saúde. “As possíveis falhas serão comunicadas à Secretaria de Saúde, que irá tomar as providências para saná-las, evitando assim que a população seja prejudicada’’, disse o Executivo.
O secretário municipal de Saúde, Flávio Vieira, tomou posse no dia 6, e está avaliando o atendimento nas unidades para descobrir eventuais problemas, que serão corrigidos. Sobre a vacinação, a prefeitura disse que pedido do kit completo fora feito ao governo estadual, que enviou sexta-feira algumas unidades. “Tão logo sejam enviados os kits de vacinação necessários, o atendimento será normalizado’’, garantiu a prefeitura, acrescentando que a unidade de saúde do bairro Vilar Novo será reinaugurada na primeira quinzena de agosto.
Se sobram problemas nos posto de saúde, faltam árvores na cidade. No bairro Vilar Novo, todas as árvores plantadas ao longo da Avenida Campinas foram derrubadas. Carmélia Imaculada mora em frente a local onde, antes, era uma praça. Indignada, lamentou a ação do governo:
— Tinham bancos e uma ciclovia. Os vizinhos se sentavam aqui. Eu trazia meu filho para andar na ciclovia com a cadeira de rodas. Semana passada, arrancaram tudo. É um crime.
Sobre as árvores arrancadas na Avenida Campinas, técnicos da Secretaria de Meio Ambiente as catalogaram e constataram que algumas tinham comprometimento em sua estrutura. Para evitar riscos à população, elas foram retiradas. “A prefeitura adotou uma medida compensatória e plantou novas espécies em um morro do bairro Itaipu’’, informou o Executivo municipal.
* Extra/Globo/Notícias.
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